A visão que Albert Einstein (1879-1955) tinha sobre o universo foi posta à prova mais uma vez. E, mais uma vez, foi comprovada, só que com uma precisão até então nunca vista – uma margem de erro de apenas 1,7%, o que ajuda os cientistas a compreender melhor a misteriosa aceleração do universo.
Um grupo de cosmólogos da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, e do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre, na Alemanha, anunciou a medição mais precisa realizada até hoje de quando a expansão do universo começou a acelerar.
Os pesquisadores analisaram o período entre 5 e 6 bilhões de anos atrás, quando o universo tinha quase metade de sua presente idade.
Isso significa que o fenômeno pode ser explicado utilizando-se apenas a Teoria Geral da Relatividade de Einstein e a constante cosmológica – a explicação teórica mais simples para a aceleração do universo, que prevê quão rápido as galáxias devem se mover e qual a taxa a que a estrutura do universo deveria estar crescendo.
De acordo com a cosmóloga Rita Tojeiro, membro da equipe de Portsmouth responsável por essa pesquisa, os resultados serão empregados para entender o que está causando a aceleração e por que, e para esclarecer novos pontos sobre a matéria escura – nome adotado para o agente fundamental que leva à aceleração, descoberto há apenas 14 anos e sobre o qual ainda se conhece pouco.
“Os resultados são a melhor medição de uma distância intergaláctica jamais feita, o que significa que cosmólogos do mundo todo estão mais perto do que nunca de entender porque a expansão do universo está acelerando”, pontuou Rita.
Para testar a teoria de Einstein, os pesquisadores examinaram mais de um quarto de um milhão de galáxias dentro de um volume de 4 bilhões de anos-luz. A pesquisa foi feita utilizando-se da Oscilação Acústica dos Bárions, um padrão no qual as galáxias estão distribuídas através do universo e que foi criado logo depois do Big Bang. Esse padrão sobreviveu conforme o universo foi envelhecendo e seu tamanho aumentou junto com a expansão.
O chefe do grupo de pesquisadores de Portsmouth, Will Percival, explica: “Imagine derrubar uma pedra em um lago que está se expandindo. Se a expansão do lago é rápida o suficiente, a distância entre as ondulações do lago simplesmente crescerá junto com a expansão. Olhando a forma como as distâncias entre essas ondulações mudam com o tempo, você poderia avaliar a taxa a qual o lago está se expandindo. Bem, o universo é o lago e as galáxias são as moléculas de água”.
O experimento foi planejado a fim de complementar uma observação feita em 1998, quando cientistas estudaram o brilho de explosões estelares para deduzir que a expansão do universo está, contra todas as probabilidades e contra nossa compreensão da física fundamental, tornando-se mais rápida.
Essa mesma pesquisa da década de 1990 foi agraciada com o último prêmio Nobel de Física, compartilhada entre os norte-americanos Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess (Universidade da Califórnia, Universidade Nacional Australiana e Universidade Johns Hopkins, respectivamente). [TheTelegraph e Science20]
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